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HIGIENE VOCAL
Fonte: Behlau e Pontes Higiene Vocal Informações Básicas
SãoPaulo,
Higiene Vocal consiste do alguns cuidados simples e fundamentais
que auxiliam a preservar a saúde vocal e a prevenir o
aparecimento de alterações e doenças.
Os cuidados de higiene vocal devem ser seguidos por todos, mas
principalmente por aquelas pessoas que utilizam a voz
profissionalmente ou que apresentam tendência a alterações
vocais.
A seguir encontram-se os principais tópicos referentes à higiene
vocal.
Fumo
O fumo é altamente nocivo pois, quando se traga a fumaça quente
agride todo o sistema respiratório e sobretudo as pregas vocais,
causando aumento da secreção e dai o pigarro, tosse, irritação e
infecções.
O fumo é considerado uma dos maiores causas de câncer de laringe
e pulmão. O risco de indivíduos fumantes apresentarem câncer de
laringe é 40 vezes maior em relação aos não fumantes.
O indivíduo não fumante que fica exposto à fumaça do cigarro
pode também apresentar alterações, portanto deve-se evitar ficar
em ambientes fechados com fumantes.
Álcool
O consumo de álcool causa irritação do aparelho fonador
semelhante à produzida pelo cigarro, porém com uma ação
principal de imunodepressão, ou seja, piora nas respostas de
defesa do organismo.
Aparentemente algumas doses de bebida alcoólica provocam melhora
na qualidade vocal. Na verdade o que acontece é uma levo
anestesia na faringe diminuindo a sensibilidade dessa região, o
falante pode começar a ter abusos vocais sem perceber e as
conseqüências desse abuso só serão percebidas após o efeito da
bebida, tais como: ardor, queimação, voz rouca e fraca.
Há forte associação entre consumo de álcool e câncer de laringe
e pulmão. Dentre as bebidas alcoólicas, as destiladas (uísque,
vodca, pinga e conhaque) são as piores para a saúde vocal.
O efeito do uso combinado do tabaco e álcool triplica a
probabilidade do risco de câncer.
Drogas
O uso de drogas inalatórias ou injetáveis tem ação direta sobre
a laringe e a voz, além dos inúmeros efeitos nocivos conhecidos
como alterações cardiovasculares e neurológicas.
Quanto à maconha, sua ação é extremamente lesiva, irritando a
mucosa pela agressão do fumo, pelas toxinas da queima do papel,
e pelo alta temperatura provocada pela forma como se fuma a
maconha.
A aspiração da cocaína em pó pode lesar diretamente a mucosa de
qualquer região do trato vocal e é comum observarmos lesões
perfuradas no septo nasal e ulcerações ao nível da mucosa das
pregas vocais.
Cocaína injetável provoca hipotonia muscular (fraqueza) e quanto
à voz, observa-se fadiga vocal e dificuldade de manter uma
comunicação adequada e eficiente, particularmente no uso
profissional da voz.
Alergias
Indivíduos com alergias manifestadas nas vias respiratórias,
tais como bronquite, asma, rinite, e faringite são mais
propícios a desenvolverem problemas de voz. Observa-se uma
tendência ao edema (inchaço) das mucosas respiratórias, o que
dificulta a vibração livre das pregas vocais. Além disso, pela
presença constante do catarro pode ocorrer irritação direta da
laringe.
Indivíduos alérgicos, principalmente os profissionais da voz
devem fazer todo o esforço para evitar o contato com as
substâncias e situações que desencadeiam suas crises, como:
mofo, umidade, poeira, agasalhos de lã, perfumes fortes,
inseticidas, desinfetantes, bom-ar, tintas frescas e animais
domésticos.
Hábitos Vocais Inadequados
( Pigarrear, tossir e realizar competição sonora)
O ato de pigarrear ou “raspar a garganta”, assim como a tosse
seca constante e sem secreção são maus hábitos comuns
encontrados em indivíduos portadores de problemas de voz.
Essas práticas dão a sensação de alívio dó sintoma de pressão ou
corpo estranho na garganta, com eventual melhora da voz,
piorando a condição da laringe. Tais hábitos podem contribuir
para o aparecimento de alterações nas pregas vocais através do
atrito que provoca irritação e descamação do tecido. Quando
houver catarro persistente deve-se inspirar profundamente e
deglutir logo em seguida.
A competição sonora também é um hábito bastante comum. Quando se
está num local barulhento, eleva-se a voz na tentativa de
superar o ruído do fundo, como nas seguintes situações:
professor e classe barulhenta; viagens de carro, ônibus, trem,
metrô, festas, danceterias, etc... Deve-se evitar qualquer tipo
de competição sonora, seja ela vocal ou com ruído ambiental.
É aconselhável que se mantenha a intensidade (volume) da voz em
um nível moderado em todas as situações de comunicação.
Ar Condicionado
O resfriamento do ambiente com ar condicionado é realizado
através da redução da umidade do ar com conseqüente ressecamento
do trato vocal. Se o uso do ar condicionado for inevitável
recomenda-se a ingestão constante de água na temperatura
ambiente.
O aquecimento no inverno feito por calefação ou estufa provoca o
mesmo tipo de ressecamento no trato vocal sendo também
necessária a reposição de líquidos no organismo. Neste caso
pequenos vasilhames com água auxiliam na melhoria da umidade
relativa do ar.
Temperatura
O clima frio e úmido pode afetar o trato respiratório,
favorecendo inflamações e infecções que impedem a livre função
vocal.
As correntes de ar frio podem ser perigosas, sobretudo se o
indivíduo estiver transpirando ou com pouca roupa, pelo choque
térmico a que se submete o aparelho fonador. Os mínimos cuidados
para se evitar os resfriados são:
descanso, alimentação equilibrada, e não exposição a mudanças
bruscas de temperatura.
Alimentação
As dietas devem ser basicamente protéicas para dar força e vigor
ao tônus muscular.
Alimentos pesados o muito condimentados lentificam a digestão e
dificultam a movimentação livre do músculo diafragma, essencial
para a respiração.
Alimentos leves, verduras e frutas bem mastigadas relaxam a
musculatura da mandíbula, melhorando a dicção e dando a sensação
de leveza ao corpo.
Para as pessoas com predisposição a alterações vocais sugere-se
evitar comer chocolate, leite e derivados antes do uso intensivo
da voz. Esses alimentos aumentam a secreção do muco, produzindo
o pigarro.
Sugere-se também evitar a ingestão de bebidas gasosas, pois
favorecem a flatulência (distensão gástrica ou intestinal por
gases), prejudicando o controle da voz
Balas, “drops”, pastilhas, e “sprays” locais mascaram a dor do
esforço vocal, prejudicando ainda mais o estado das mucosas.
São indicados: 1) maçãs, pois tem ação adstringente, limpando a
boca e garganta auxiliando na ressonância da voz.
2) sucos cítricos, pois auxiliam na absorção do excesso de
secreção.
3) água em temperatura ambiente pois hidrata a mucosa das pregas
vocais.
Alimentos e bebidas geladas são prejudiciais pois provocam
choque térmico, causando aumento de muco e edema (inchaço) das
pregas vocais. Portanto os primeiros goles ou colheradas devem
ser mantidos alguns segundos na boca antes de serem deglutidos,
a fim de evitar a brusca mudança interna de temperatura.
Vestuário
Recomenda-se não usar roupas ou adereços apertados
principalmente nas regiões do pescoço e cintura o que
prejudicaria a produção vocal.
Sapatos devem ser preferencialmente baixos o de material natural
como o couro.
Esportes
A natação e a caminhada são os mais indicados.
Os exercícios que devem ser evitados são aqueles que exigem
movimentos violentos de braços como: tênis, basquete, peso,
boxe, vôlei e musculação porque causam tensão muscular na região
do pescoço, costas, ombros e tórax.
Ioga e alongamentos também são indicados.
Técnicas de massagem e relaxamento auxiliam no equilíbrio da
musculatura corporal.
Exercícios de esforço muscular associado à vocalizações são
contra indicados como o que geralmente ocorre nas aulas de
aeróbica, judô e karatê.
Alterações Hormonais
(Ciclos menstruais, pílulas anticoncepcionais, gravidez e
menopausa)
Alterações vocais como rouquidão com voz grossa e cansaço para
falar são comuns nessas situações devido á ação dos hormônios.
Caso se observe voz alterada por mais de 15 dias, dor ao falar,
sensação de aperto, esforço, ardor, queimação ou cansaço vocal
procure um fonoaudiólogo ou médico otorrinolaringologista.
Problemas de voz podem colocar sua profissão e até mesmo sua
vida em risco, mas são facilmente tratados quando correta e
precocemente identificados.
Nélia Santos Lozano
Fonoaudióloga |
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